Stephen King é um dos autores mais prolíficos e comercialmente bem-sucedidos do último meio século. São mais de 60 livros publicados, 400 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo e uma menção no Livro de Recordes do Guinness como “o escritor com mais obras transformadas em filmes”. Dentre seus livros mais bem sucedidos estão It: A Coisa, O Iluminado e Carrie, A Estranha.
Apesar de ser conhecido principalmente por causa de seus livros de terror, em 2000 King compartilhou tudo o que sabe sobre escrever em Sobre a Escrita, um livro que instantaneamente se tornou um best-seller e foi eleito pela Time Magazine como um dos 100 melhores livros de não-ficção de todos os tempos.
Você não precisa ser fã dos escritos de King para apreciar a sabedoria contida nas páginas deste livro. Você também não precisa ser romancista: o livro possui estratégias altamente práticas que os escritores de não-ficção podem aplicar –– o li pouco antes de começar o processo de escrita do meu primeiro livro, Nômade Digital, e suas dicas me ajudaram muito.
Neste artigo separei cinco conselhos contidos no livro que vão te ajudar a escrever mais e melhor.
1 – Leia, leia, leia
“Se você quer ser escritor, tem duas coisas a fazer, acima de todas as outras: ler muito e escrever muito. Que eu saiba, não há como fugir dessas duas coisas, não há atalho.”
Um bom escritor é, antes de mais nada, um bom leitor. E como ser um bom leitor? Comece pelos clássicos, aqueles livros que seguem vivos por anos mesmo após a morte de seus autores.
Leia Machado de Assis, leia Rubem Braga, leia Clarice Lispector, leia José Saramago, leia Gabriel García Márquez, leia Fiódor Dostoiévski, leia Jack Kerouac, leia Joan Didion, leia Gustave Flaubert.
Se você quer ser um bom escritor, deixe os livros técnicos e de autoajuda de lado por um tempo e foque em devorar os clássicos.
2 – Primeiro escreva pra você, depois se preocupe com o público
“Quando você escreve uma história, você está contando essa história pra você. Quando você a reescreve, sua principal tarefa é jogar fora tudo que não for a história”.
Vou um pouco além de King aqui: você está escrevendo para você, seu público ou para algoritmos?
Um grande desafio para quem escreve na internet é ser criativo com a sua escrita tendo que respeitar técnicas de SEO para que seus textos fiquem bem ranqueados no Google.
Se você trabalha com marketing de conteúdo e precisar ranquear seus textos dentro da sua estratégia, não há muito o que fazer. As boas práticas de SEO irão interferir na forma como você escreve. Agora, se você está escrevendo um livro, um conto ou até mesmo uma crônica, esqueça o público, esqueça os algoritmos. Escreva o texto ou o livro que você quer ler.
3 – Desconecte-se de tudo quando for escrever
“Não deve haver telefone no seu local de escrita, certamente não deve haver TV ou videogame pra você se distrair. Se tiver uma janela, feche as cortinas”.
Quando King escreveu este livro os smartphones ainda não existiam. Na minha opinião, hoje eles são a maior distração para quem escreve.
Minha dica é colocá-lo em “modo avião” e, de preferência, deixá-lo em outro cômodo da casa. Mas, não adianta fazer isso e ficar navegando no buraco negro da internet através do seu computador.
4 – Não dê tanta importância para a gramática
“A linguagem não precisa sempre usar gravata e sapatos amarrados. O objeto da ficção não é a correção gramatical, mas sim fazer o leitor se sentir bem-vindo e contar uma história. Fazer ele ou ela esquecer, sempre que possível, que ele ou ela estão lendo uma história”.
Para King, a escrita se trata de sedução, não precisão. O objetivo de uma história é envolver o leitor –– e isso não tem nada a ver com gramática.
Embora seja importante seguir a norma culta até certo nível, existem diversas estruturas gramaticais que são usadas popularmente. Às vezes, escrever “certo” significa escrever de um jeito que não vai agradar os leitores. O objetivo de uma narrativa é ser tão fluida que o leitor vai se esquecer que está lendo um livro. Tipo uma conversa, saca?
5 – Evite advérbios
“O advérbio não é seu amigo. Considere a frase ‘Ele fechou a porta firmemente’. Não é de forma alguma uma frase horrível, mas questione a você mesmo se ‘firmemente’ realmente precisa estar lá. E o contexto? E toda a inspiradora (pra não dizer emocionalmente tocante) prosa que veio antes da frase? Não seria isso que deveria nos dizer de que forma ele fechou a porta? E se a prosa precedente realmente diz, não seria ‘firmemente’ uma palavra sobrando? Não seria redundante?”
Isso é algo que vejo muito em textos nas redes sociais que utilizam técnicas de storytelling. Quem deve dar o tom para a sua narrativa é seu poder de descrição, não um advérbio para mostrar que seu personagem disse algo alegremente.
Uma boa maneira para melhorar seu poder de descrição é ler crônicas. Recentemente escrevi um artigo com uma lista de 10 grandes cronistas brasileiros, clássicos e contemporâneos, que podem te ajudar com isso.
É isso aí! Bem, eu provavelmente poderia escrever mais 5, mas essas são as lições mais importantes para mim.
Qual é a sua favorita? Tem alguma coisa pra acrescentar? Conta aí nos comentários.
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