Porra. Anthony Bourdain faz falta. Muita falta. Ele escrevia. Ele viajava. Ele comia. Ele queria mais. E ele se foi. Cedo demais – perdão pela rima óbvia.
Quando o pessoal vem com esse papo chato sobre quem são meus produtores de conteúdo favoritos, na esperança de descobrirem um(a) novo(a) dançarino(a) do Tik Tok ou quem seguir no Instagram no intuito de construir um negócio digital do absoluto zero, sempre respondo que minha maior inspiração em tudo o que eu faço é, e sempre será, o querido Tony.
Ah, o Tony.
Seu segredo era ser… ele mesmo – e não, não vou falar sobre a importância da autenticidade aqui (até porque autenticidade pensada como estratégia deixa de ser autenticidade).
Você que o conhece de programas televisivos como No Reservations ou Parts Unknown certamente consegue visualizar um post no LinkedIn com X lições que ele te ensinou sobre fazer qualquer coisa – e confesso que já cometi essa fraqueza –, mas o texto de hoje é sobre o Tony escritor. E, cara, ele escrevia como poucos.
Para que minha humilde homenagem ao Tony escritor tenha o mínimo de relevância no Google, preciso respeitar as boas práticas de SEO, então a partir de agora me rendo ao sistema e trago uma linguagem um pouco mais robótica para apresentar 4 livros para conhecer a obra de Anthony Bourdain – acho que se eu repetir isso mais umas 2 ou 3 vezes durante o texto consigo ranquear legal.
Lá vai: 4 livros para conhecer a obra de Anthony Bourdain (primeira página do Google, tamo chegando!)
Nessa parte eu escrevo qualquer coisa só para quebrar a linha.
E tá tudo bem.
É sobre isso.
1 – Cozinha confidencial (2000)
Uma blitz impiedosa nos restaurantes: eis como se pode resumir Cozinha confidencial.
Chef de um dos bistrôs mais badalados de Manhattan, o Les Halles, Tony fez o impensável neste livro: com doses iguais de perspicácia, maldade e humor, contou todos os segredos da profissão, dos mais sórdidos aos mais divertidos, junto com as falcatruas e safadezas do negócio – o que me deu a ideia de escrever um livro chamado Marketing confidencial ou Fórmula de lançamento confidencial ou ainda Top Voice confidencial.
Mas voltemos ao Tony.
Dono de um interessantíssimo trajeto pessoal, é com prazer indisfarçável que ele aproveita para fazer também um pouco de escândalo autobiográfico.
Como escreve Nina Horta na orelha, “em meio a nuvens de fumaça de maconha, quantidades importantes de cocaína, outras várias drogas e uma animada atividade sexual, Bourdain mistura lembranças e comentários, com direito a mafiosos e Frank Sinatra, muito derramamento de sangue, bebedeiras gigantescas, pitadas de suspense e uma alegria atordoante no ar”.
Enquanto expõe as entranhas dos restaurantes – de lavagem de dinheiro ao uso “criativo” de ingredientes com data de vencimento no limite –, Tony vai dando conselhos úteis. Restaurante com banheiro sujo, por exemplo, deve ser riscado sumariamente da lista. Banheiro é facílimo de lavar, ele lembra. Se estiver sujo, imagine a cozinha…
2 – Em busca do prato perfeito (2001)
Meu favorito. Em busca do prato perfeito é uma combinação de crônicas de viagens e gastronomia.
Após o grande sucesso de Cozinha confidencial, Tony decidiu sair pelo mundo à procura de novas experiências gastronômicas.
O resultado é um relato pessoal divertido e saboroso sobre suas viagens por lugares como Tóquio, Moscou, Escócia, Vietnã, Camboja, aldeias de Portugal ou o interior do México.
Em localidades como essas, Tony provou pratos tradicionais, embebedou-se diversas vezes e comeu iguarias exóticas como pastéis de pombo, carneiro preparado por tuaregs, iguanas, enguias e coração de cobra (!!!).
3 – Ao ponto (2010)
À primeira vista parece um encontro da máfia italiana. Os treze convidados sentam-se à mesa e aos poucos vão se reconhecendo. Estão ali grandes figuras do mundo culinário, chefs renomados que atenderam a um convite secreto e potencialmente ilegal.
“Se um vazamento de gás explodisse o prédio? A alta gastronomia como a conhecemos seria extinta num único golpe.” Reflete nosso querido Tony, prestes a experimentar uma iguaria quase mítica entre o panteão de cozinheiros.
A iguaria em questão é o ortolan, um pequeno pássaro preparado inteiro, que os convidados comem com um guardanapo sobre a cabeça.
Que o ortolan seja ilegal na França e nos Estados Unidos não parece incomodar Tony. E, com a mesma desenvoltura que ele participa desse banquete de dignitários, também circula de lambreta por Hanói atrás da sopa pho perfeita, come espetinhos com trabalhadores em Tóquio e bebe todas num carrinho de tacos no México.
Em Ao ponto, Tony desanca medalhões da crítica gastronômica, examina a indústria de fast-food americana e revela os bastidores do reality-show Top Chef. Também revê seu passado com as drogas, agora sob a perspectiva de quem encara a paternidade pela primeira vez. E, como numa espécie de epílogo, narra o que aconteceu com os personagens de Cozinha confidencial uma década depois.
4 – Volta ao mundo (2021)
Tenho mixed feelings sobre esse livro.
Com dicas preciosas de lugares onde comer e se hospedar ― e, em alguns casos, a evitar ― e de locomoção, Volta ao mundo contextualiza inúmeros locais que nosso querido Tony considerava encantadores, memoráveis e fundamentais.
O problema é: não foi escrito por Tony. Laurie Woolever, colaboradora e amiga de longa data, é quem assina a obra – um compilado de transcrições dos quase 20 anos de viagens do nosso querido chef.
Se vale a leitura? Vale.
Subtítulo aleatório sobre os 4 livros para você conhecer a obra de Anthony Bourdain
Gostou? Concorda com a lista? Tem alguma contribuição? Devo perguntar mais alguma coisa?
Não sei.
Acho que tá legal de CTA.