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O dicionário Michaelis define a não ficção como uma “denominação genérica para qualquer tipo de trabalho literário (crítica, crônica, ensaio, etc.) que não se caracteriza como obra de ficção (conto, novela, romance, etc.)”.

Podemos dizer, portanto, que os livros de não ficção contam histórias, fatos ou abordam assuntos do mundo real através da linguagem literária.

Por mais que, em grande parte, sejam escritas pela perspectiva de um autor, eles são responsáveis por traduzir a história da humanidade. Através dos livros de não ficção temos ciência de como a sociedade se comportava (ou ainda se comporta) em um determinado espaço e tempo.

Dito isso, listei, em ordem alfabética, 10 livros de não ficção que você deveria ler.

1. Blink: a decisão num piscar de olhos, por Malcolm Gladwell

Blink - A decisão num piscar de olhos

Baseado em fundamentos científicos, Blink é um livro sobre como podemos julgar, decidir e fazer escolhas sem refletir muito a respeito.

Para explicar o conceito, o autor Malcolm Gladwell apresenta histórias impressionantes, como o caso do especialista em arte que, num único relance, descobriu que uma escultura comprada por uma fortuna pelo Museu Getty era uma falsificação; o produtor que percebeu todo o potencial de Tom Hanks no instante em que o conheceu; o psicólogo que, só de observar um casal conversar por apenas alguns minutos, consegue prever quanto tempo vai durar aquele relacionamento; entre outras.


2. Falso Espelho: reflexões sobre a autoilusão, por Jia Tolentino

Falso Espelho - Reflexões sobre a autoilusão

A autora Jia Tolentino é uma voz sem igual na sua geração. Nestes nove ensaios, escritos numa rara combinação de agudeza e generosidade, ela investiga as forças transformadoras da visão que temos de nós mesmos e do mundo lá fora.

Repleto de humor, Falso Espelho elucida aquilo que é absurdamente complexo de forma clara e, às vezes, brutal. Um clássico instantâneo com opinião e inteligência singulares.


3. Hábitos Atômicos, por James Clear

Hábitos Atômicos

Não importa quais sejam seus objetivos, Hábitos Atômicos oferece um método eficaz para você se aprimorar ― todos os dias.

O autor James Clear, um dos mais expoentes especialistas na criação de hábitos, revela as estratégicas práticas que o ensinarão, exatamente, como criar bons hábitos, abandonar os maus e fazer pequenas mudanças de comportamento que levam a resultados impressionantes.


4. Ioga para quem não está nem aí, por Geoff Dyer

Ioga para quem não está nem aí

Deriva horizontal, título do primeiro capítulo de Ioga para quem não está nem aí, define este livro quase indefinível, que não se encaixa nas classificações das estantes das livrarias.

Como cada capítulo se passa em um local diferente, parece que estamos diante de um livro de viagens; porém, apesar dos vários destinos exóticos, há pouco turismo profissional na narrativa refinada do autor Geoff Dyer.

Algumas páginas são “viagens” alucinantes e hilárias, regadas a cogumelos ou maconha; outras são viagens introspectivas, motivadas pela visão de ruínas romanas ou da deterioração urbana de uma cidade do alto capitalismo. E, ao longo de quase todas elas, corre um fio tênue que serve de amarração para os textos de outro modo independentes: o da viagem de busca, movida pela insatisfação de estar aqui e o desejo de estar em outro lugar, uma busca indefinida por alguma coisa essencial, profunda, de conciliação consigo mesmo e com o mundo.


5. Nômade Digital: um guia para você viver e trabalhar como e onde quiser, por Matheus de Souza

Nômade Digital

trabalho remoto veio para ficar.

Mas, que tal viajar o mundo enquanto você trabalha de forma remota? É o que Matheus de Souza (eu, no caso) ensina (ensino) em Nômade Digital.

No livro, você irá aprender formas de ganhar dinheiro na internet, monetizar seu trabalho e viajar pelo mundo enquanto carrega seu escritório na mochila.

Além de mostrar a sua (a minha) trajetória, o autor entrevistou (eu entrevistei) nômades de diferentes perfis para entender suas motivações e rotinas – tem nômade que viaja sozinho, casais nômades com ou sem filhos e até uma nômade que viaja com seus cachorrinhos.

O livro foi finalista do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Economia Criativa.


6. Pequeno manual antirracista, por Djamila Ribeiro

Pequeno manual antirracista

Em Pequeno manual antirracista, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos.

Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas.

O livro foi vencedor do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Ciências Humanas.


7. Rastejando até Belém, por Joan Didion

Rastejando até Belém

A jornalista Joan Didion é uma das mais célebres escritoras dos Estados Unidos, mas ainda pouco conhecida no Brasil. São cinco décadas de ensaios e livros best-sellers que a colocaram entre as principais cronistas do país.

Sempre de óculos-escuros e com cigarro em punho nas fotos, ela tinha com o marido, o romancista John Gregory Dunne (1932-2003), uma cumplicidade também na escrita. Os dois nunca entregavam um artigo sem que o outro fizesse sua leitura final. “Era do tipo de casal em que um completava a frase do outro”, lembra o escritor e amigo Calvin Trillin no documentário Joan Didion: The Center Will Not Hold, disponível na Netflix.

Pois bem, finalmente acaba de ser lançada a versão brasileira de Rastejando até Belém, obra publicada originalmente em 1968 nos Estados Unidos. Este livro reúne célebres textos da autora, num misto de retrato dos anos 1960 e caderno de observações pessoais e filosóficas.


8. Sapiens: uma breve história da humanidade, por Yuval Noah Harari

Sapiens - Uma Breve História da Humanidade

O que possibilitou ao homo sapiens subjugar as demais espécies? O que nos torna capazes das mais belas obras de arte, dos avanços científicos mais impensáveis e das mais horripilantes guerras?

Nossa capacidade imaginativa. Somos a única espécie que acredita em coisas que não existem na natureza, como Estados, dinheiro e direitos humanos. Partindo dessa ideia, Yuval Noah Harari, doutor em história pela Universidade de Oxford, aborda em Sapiens a história da humanidade sob uma perspectiva inovadora.


9. Sociedade do Cansaço, Byung-Chul Han

Livros de não ficção: Sociedade do cansaço

Os efeitos colaterais do discurso motivacional, o mercado de palestras e livros motivacionais está crescendo desde o início do século XXI e não mostra sinais de desaquecimento.

Em uma época onde poderíamos trabalhar menos e ganhar mais, Byung-Chul Han mostra que a ideologia da positividade opera uma inversão perversa: nos submetemos a trabalhar mais e a receber menos. A onda do ‘eu consigo’ e do ‘yes, we can’ tem gerado um aumento significativo de doenças como depressão, transtornos de personalidade, síndromes como hiperatividade e burnout.

Sociedade do Cansaço transcende o campo filosófico e pode ajudar educadores, psicólogos e gestores a entender os novos problemas do século XXI. Dos livros de não ficção citados aqui, talvez este seja o mais urgente.


10. Walden (ou A vida nos bosques), por Henry D. Thoreau

Livros de não ficção: Walden

Autobiografia de Henry D. Thoreau, Walden é a manifestação dos ideais de um dos maiores críticos da civilização industrial na história. Publicada em 1854, a obra passa por temas não superados até hoje pelo homem contemporâneo, como o direito à liberdade e o respeito à natureza.

E tudo começa com um intrigante experimento social. Em 1854, buscando apartar-se de uma sociedade cada vez mais complexa, Thoreau retira-se para a propriedade de um amigo às margens do lago Walden. Na pequena cabana na floresta, adapta as suas habitações e constrói seus móveis, planta os alimentos que consome e os prepara, faz descobertas espirituais. Por meio de uma vida simples e autossuficiente, cria sua utopia.

Ainda que seja uma crítica à vida urbana do século XIX, o livro ainda é capaz de suscitar importantes reflexões sobre nosso modo de vida. Em mais de um século de existência, tornou-se uma referência para movimentos libertários, ecologistas e todos os que buscam uma vida mais harmônica. Muitos livros de não ficção foram inspirados por ele.


Os benefícios da leitura de livros de não ficção

O filósofo Confúcio disse certa vez que “não há como abrir um livro sem aprender alguma coisa”.

Por mais que uma ou outra lição contida em alguma dessas obras não faça sentido para você, um parágrafo ou capítulo pode mudar os rumos da sua vida – foi o que aconteceu comigo ao ler Walden, por exemplo; meu livro Nômade Digital não existiria sem ele.

Listas nunca são unânimes. Sempre que as fazemos acabamos deixando muita coisa boa de fora, mas tenho certeza que você pode aprender muito com as obras listadas aqui.

Agora, eu quero saber de você: tem algum livro de não ficção que você leu recentemente que mudou a sua vida?

Deixa um comentário aqui embaixo contando a sua história!


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10 livros de não ficção que você deveria ler

Escritor, educador e TEDx Speaker. Autor de "Nômade Digital", livro finalista do Prêmio Jabuti.
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