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O palco do TEDx é o sonho de qualquer palestrante. Geralmente é a coroação de uma longa carreira compartilhado ideias por aí. No meu caso, foi apenas a minha segunda palestra presencial (a primeira foi em 2019, em um palco em Lisboa – ou seja, tenho duas palestras presenciais no currículo; uma internacional e outra no TEDx 💅).

Parte disso deve-se à minha vida nômade. Estou sempre me mudando de um país para o outro, o que dificulta a logística de participar de eventos presenciais. Entre 2020 e 2022 participei de alguns eventos como palestrante, mas sempre de maneira remota.

Ou seja, imaginem o meu nervosismo ao ser chamado para a minha segunda palestra presencial (logo um TEDx!) sendo que eu não subia em um palco desde 2019.

Na preparação para o evento, recorri a um livro que já havia lido há alguns anos, mas que foi essencial na construção da minha apresentação: “TED Talks: O guia oficial do TED para falar em público“, escrito por Chris Anderson, curador do TED.

No texto abaixo reuni as principais lições que me ajudaram. Tudo testado e aprovado.

Faça a plateia rir – mas não se contorcer!

O tema do TEDxMacedo era “Lugares”. Seria impossível resumir 5 anos de nomadismo digital em 10 minutos, então construí uma narrativa focada no conceito de casa e no sentimento de pertencimento, tendo como pano de fundo minhas experiências em um lugar específico: a Tailândia.

Para contextualizar o nomadismo digital, utilizei um recurso que une as pessoas em qualquer lugar do mundo: humor. Não, não transformei a palestra em um show de stand up comedy, mas utilizei elementos que geraram identificação com o público através de exemplos engraçados de experiências vividas por mim dentro do contexto apresentado.

Abri minha fala explicando o conceito de nomadismo digital de uma forma engraçadinha:

“Em 2019, depois de dois anos viajando o mundo com todos os meus pertences em duas mochilas, eu escrevi um livro chamado ‘Nômade Digital‘.

Desde então, as pessoas acham que a minha vida é assim”.

Testado e aprovado: as dicas do curador do TED para você falar em público

Arranquei algumas gargalhadas da plateia – o que foi bom para quebrar o gelo e acalmar meu nervosismo de estar no palco – e logo em seguida continuei com meu plano de desmistificar o nomadismo digital antes de entrar na história sobre a Tailândia.

De acordo com Chris, “a obrigação número um de um palestrante é reconstruir na mente de seus ouvintes algo que lhes importa”. Ganhar a simpatia do público logo no início da apresentação facilita esse processo.

Mostre vulnerabilidade

Eu fui apresentado no material de divulgação do evento como alguém que “desde 2017 não tem residência fixa e viaja pelo mundo enquanto trabalha de forma remota, tendo passado por mais de 30 países desde então”.

Essa credencial assusta e é comum as pessoas pensarem coisas como “ele deve ser herdeiro”, “que inveja” ou “a vida dele deve ser maravilhosa”.

Pois bem, para mostrar que a vida nômade não é apenas o lado glamouroso do Instagram, compartilhei minha difícil decisão de ter ficado na Tailândia no início da pandemia do novo coronavírus quando as fronteiras fecharam e ninguém sabia direito o que aconteceria.

Como Chris brinca no livro, “é como o caubói durão que entra no salão e escancara a jaqueta para mostrar que não está armado”.

Contei das vezes em que me peguei arrependido por ter não voltado para o Brasil, sobre o meu constante sentimento de não pertencimento e como os dois meses de lockdown tailandês me fizeram repensar algumas coisas.

É neste momento que o caubói saca a arma e ganha o público com a sua jornada do herói.

Refreie o ego

Se tem uma coisa que sempre me encheu o saco como ouvinte são palestrantes que gastam dois minutos da apresentação apenas para mostrar seu currículo. Portanto, decidi que começaria minha fala indo direto ao ponto, sem firulas, sem massagear meu próprio ego, sem “eu”, “eu”, “eu”.

Para Chris, “nada prejudica mais as possibilidades de uma palestra do que a impressão de que o orador é um fanfarrão. E, quando isso acontece logo no começo… cuidado”. Não há problema em falar sobre as suas conquistas, elas podem servir de inspiração para outras pessoas, mas você pode – e deve – encaixá-las em contextos dentro da apresentação.

Lidando com o nervosismo do palco

Testado e aprovado: as dicas do curador do TED para você falar em público

Ok, você criou uma apresentação incrível, está confiante com o conteúdo da sua palestra e aí… chega o grande dia. Você está lá vagando pelo backstage, prestes a ser anunciado no palco. Suas mãos suam. Seu nome é chamado. Não tem mais volta. Você se vê diante de centenas de pessoas.

Eu consegui me manter calmo durante os dias anteriores ao TEDx. Foquei em estruturar o conteúdo e não me preocupei com o palco. Até chegar no local do evento e dar de cara com as pessoas que pagaram ingresso para estar ali. “E se eu frustrar a expectativa delas?”. “E se eu gaguejar?”. Essas foram algumas coisas que passaram pela minha cabeça.

Já no palco, segui um dica do Chris que funcionou muito bem. Segundo o autor, você deve “procurar ‘amigos’ na plateia”. Rostos que lhe pareçam simpáticos. Concentre-se em três ou quatro desses rostos e direcione sua fala para eles.

De fato, eu tinha alguns amigos na plateia e logo os procurei. Porém, antes mesmo de encontrá-los, percebi alguns rostos simpáticos e foquei neles. Isso realmente tirou o peso de estar falando para muitas pessoas. Era como se eu estivesse em uma conversa com amigos – fiz até umas piadas.

O resultado? O nervosismo foi embora e, aparentemente, não frustrei a expectativa de ninguém.

Escritor, educador e TEDx Speaker. Autor de "Nômade Digital", livro finalista do Prêmio Jabuti.
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