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A geração beat foi um movimento literário originado em meados dos anos 1950 por um grupo de jovens intelectuais que estava cansado do modelo quadradinho de ordem estabelecido nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.

Com o objetivo de se expressarem livremente e contarem sua visão do mundo e suas histórias, esses escritores começaram a produzir desenfreadamente, muitas vezes movidos a drogas, álcool, sexo e jazz. Muito jazz.

Devemos muitas coisas aos beatniks: a eclosão da leitura em voz alta como uma espécie de acontecimento onde as palavras parecem indomáveis, ininterruptas, como o jazz de Charlie Parker; a relação da poesia com a espiritualidade multiforme; o enfoque na beleza urbana e visionária daquilo que se decompõe e enferruja; visões alucinatórias; a sexualidade.

Na década de 1950, alguns dos principais expoentes deste movimento – Allen Ginsberg, Jack Kerouac, Gregory Corso, Neal Cassady e William S. Burroughs – viveram (e morreram) na capital mexicana. Esta é uma lista dos locais que eles costumavam frequentar.

Roma – O bairro Roma era seu covil principal da turma; um lugar originalmente aristocrata e de “boas maneiras”, mas que na época em que os beatniks chegaram já estava entrando em uma fase de declínio romântico – hoje, como a maioria dos redutos hipsters pelo mundo, foi tomado pela gentrificação.

Rua José Alvarado, 37 – Este foi o primeiro endereço onde Burroughs morou depois de fugir dos Estados Unidos sob a acusação de porte de drogas. Foi aqui também que Kerouac e Cassady se encontraram com Burroughs durante a viagem ao México retratada em “On the Road“.

Rua Orizaba, 210 – Embora o prédio original já tenha sido demolido, este endereço abrigava a sede informal dos beatniks expatriados no México. Foi aqui que Kerouac, em meio a delírios etílicos y otras cositas más, escreveu partes do poema “Mexico City Blues” e o romance “Tristessa“, obra que conta uma das histórias de amor mais tristes e decadentes da literatura beat: a paixão ardente do escritor por Esperanza Villanueva, uma prostituta índia viciada em morfina.Também foi aqui que Burroughs escreveu parte de seu romance “Queer.

Rua Monterey, 122 – Há algumas quadras do número 210 da Rua Orizaba, chegamos no endereço onde Burroughs matou sua esposa, a poeta Joan Vollmer, de forma acidental durante uma festa em 06 de setembro de 1951. Essa é a versão oficial, pelo menos.

O livro “A Vida Secreta dos Grandes Autores“, de Robert Schnakenberg, conta:

Em 1951, durante uma festa em sua casa no México, Burroughs e a esposa, Joan, decidiram regalar os convidados com a sua primorosa imitação de ‘Guilherme Tell’. Joan equilibrou um copo na cabeça, enquanto Burroughs fazia a mira com a sua pistola de 38 calibres. (Aparentemente, a questionável sensatez de um viciado em heroína completamente ‘chapado’ estar praticando tiro ao alvo com uma viciada em benzedrina não ocorreu a nenhum dos presentes.) Burroughs errou o alvo, explodindo os miolos de Joan e matando-a instantaneamente.

Muitos anos depois, Burroughs afirmou que se não fosse por esse incidente, ele nunca teria se tornado um escritor. No andar térreo do mesmo prédio fica o bar e restaurante Krikas, conhecido anteriormente como Bounty, lugar onde os beatniks bebiam até o amanhecer.

Praça Luis Cabrera – Esta pequena praça em Roma era o ponto de encontro dos beatniks na Cidade do México.

Este que vos escreve durante seu tour literário pela Cidade do México dos beatniks. Novembro de 2021.
Este que vos escreve durante seu tour literário pela Cidade do México dos beatniks. Novembro de 2021.

Cantina Tio Pepe – Dizem que Burroughs era frequentador assíduo dessa cantina – ele a menciona em seu romance “Junky“.

Lago de Chapultepec – Foi durante um passeio por este lago que Kerouac sugeriu a Burroughs que batizasse seu romance mais famoso de “Almoço nu“.

Panteón Americano de Tacuba A esposa de Burroughs está enterrada nos fundos deste cemitério. Sua lápide diz: “Joan Vollmer Burroughs, Loudonville, Nova York, 1923, México DF set. 1951”.

Palácio de Lecumberri Este palácio serviu como penitenciária de 1900 a 1976. Aqui Burroughs foi levado pela polícia após o assassinato de sua esposa. Ele passou 13 dias na prisão e foi libertado por influência de sua abastada família.

Escritor, educador e TEDx Speaker. Autor de "Nômade Digital", livro finalista do Prêmio Jabuti.
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