Comemora-se hoje (04/07) nos Estados Unidos da América o Dia da Independência — o feriado nacional marca a Declaração de Independência de 1776, ano em que as Treze Colônias declararam a separação formal do Império Britânico. É o feriado mais festejado do país e tem forte influência sobre a cultura americana em geral.
Amado por uns, odiado por outros, o fato é que o país é um exemplo a ser seguido no que diz respeito ao empreendedorismo. Começando com a Ford, passando por Apple e Microsoft, chegando aos dias atuais com Netflix, Facebook, Uber, Tesla e o próprio LinkedIn, empreender e inovar está no DNA dos estadunidenses.
Isso faz com que empreendedores do mundo todo questionem o porquê de a cultura empreendedora ser tão desenvolvida na terra do Tio Sam. Embora um levantamento realizado pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostre que o Brasil possui uma taxa de empreendedorismo superior a dos EUA e diversas startups inovadoras estejam nascendo por aqui, como é o caso da Nubank e do Méliuz, por exemplo, quando examinamos de perto a cultura empreendedora dos dois países e, principalmente, seus ambientes, entendemos porque muitas teorias e exemplos que vêm de fora ainda soam utópicos por aqui.
Um outro ranking, este divulgado pela U.S. News, analisou os 30 melhores países para se empreender. O Brasil, único nome da América Latina, aparece em 29º. A média de pontos dos EUA, 3º lugar na lista, em comparação com o Brasil, nos faz visualizar o que foi dito acima.
Não bastassem os dados apresentados, ainda temos uma vilã: a burocracia. Se nos EUA você consegue abrir uma empresa em, no máximo, 8 dias, no Brasil você precisa de 129, segundo pesquisa da Endeavor. Ah, e nem entrarei no mérito dos impostos e da corrupção, mas você com certeza sabe do que estou falando.
Os dois países apresentam cenários bastante diferentes, tanto economicamente quanto culturalmente. Não desmerecendo, de modo algum, os pontos positivos da cultura brasileira no que diz respeito ao empreendedorismo — Florianópolis e Belo Horizonte, por exemplo, criaram ecossistemas interessantes de inovação —, penso que podemos nos inspirar — e muito! — no que, na minha opinião, difere os estadunidenses dos demais povos do mundo: a mentalidade! Aquilo que muitos tem chamado por aqui de mindset.
Fracassou? Levante a cabeça!
Certamente você conhece um amigo que abriu um negócio e fechou as portas depois de um tempo. Agora, reflita por um segundo: o que lhe veio em mente quando você pensou nesse amigo? Que ele fracassou?
Bom, aí está uma diferença básica de mindset dos estadunidenses. Uma pessoa nascida nos EUA, muito provavelmente, admirará a coragem, a criatividade e a inventividade desse amigo. O país se acostumou a celebrar os “perdedores” que persistem a todo custo.
Em muitos povos o fracasso é visto como um constrangimento para você e sua família. Nos EUA, os erros — e isso não é um clichê —, são vistos como aprendizados.
Perturbe a tradição! Quebre os moldes!
A chamada “liderança comando e controle” ainda impera por aqui. Hierarquias ainda são mais importantes do que boas ideias. E não falo de respeito: em muitas empresas brasileiras ainda prevalece a cultura do medo.
Já o Vale do Silício, por exemplo, se orgulha em “perturbar a tradição e quebrar os moldes“. Para “perturbar“, precisamos de culturas abertas e empreendedoras que quebrem modelos de negócios tradicionais. “Gestores dinossauros” tem medo de mudanças. “Eu sempre fiz assim e deu certo” — aposto que você já ouviu essa frase por aí…
A mentalidade aberta e horizontal encontrada no Vale do Silício incentiva a colaboração ao mesmo tempo em que inspira uma competição amigável que impulsiona a inovação constante. Mas, vai dizer isso pro chefe da firma…
Encontre e desenvolva talentos
As empresas dos EUA possuem abordagens criativas para encontrar e desenvolver talentos. É comum, por exemplo, os recrutadores identificarem e monitorarem os graduandos com melhor potencial nas universidades.
Eles não fazem apenas entrevistas convencionais. Em vez disso, convidam os alunos a criarem estudos focados na solução de problemas reais enfrentados pelas empresas. Os melhores desempenhos conseguem estágios e, eventualmente, empregos.
Encontrar, contratar e desenvolver os melhores talentos é uma jornada sem fim. As empresas estadunidenses reconhecem que a tecnologia pode levar inicialmente a uma inovação disruptiva, mas elas precisam de pessoas inteligentes para transformar essa inovação em um negócio lucrativo.
Seja empático
Muitas empresas começam com uma grande ideia ou um produto ou serviço inovador. A diferença entre invenção e inovação é a visão. Os inventores começam com uma ideia e depois procuram por alguém que precise disso. Já os inovadores começam com uma grande necessidade não atendida e, então, buscam uma solução única para essa necessidade.
Os estadunidenses são naturalmente empáticos. O World Giving Index lista o país como a quinta nação mais generosa quando se trata de doar dinheiro para projetos ou ajudar um estranho. Quando visitei os EUA, percebi isso. Por duas vezes, locais perceberam que eu estava perdido e me ofereceram ajuda. Essa empatia significa que eles estão naturalmente sintonizados com a busca de uma necessidade insatisfeita — um talento que é essencial para ser inovador.
Uma segunda vantagem dessa generosidade é o apoio financeiro. Muitas pequenas empresas são construídas com capital de familiares ou amigos, pessoas que realmente querem ajudar seus conhecidos, mesmo quando os investidores dizem que a ideia é ruim e não dará um retorno financeiro.