A crise na Síria tem tomado conta do noticiário internacional – principalmente após a divulgação da foto do menino refugiado sírio de 3 anos que morreu afogado enquanto sua família tentava fugir do país. O que muita gente não sabe é que a guerra civil síria é o pior desastre humanitário de nosso tempo. Estima-se que mais de 11 milhões de civis inocentes tenham deslocado-se. Um impacto terrível para os países vizinhos.
Outra confusão perceptível é a respeito das diferenças entre refugiados e imigrantes. Em suma, de acordo com Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951), o primeiro grupo é composto por pessoas que “sofrem de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social, e se encontram fora do país de sua nacionalidade e que não podem, em virtude desse temor, valer-se da proteção desse país”, enquanto o segundo termo aplica-se às pessoas que mudam de país em busca de uma melhor condição social e/ou econômica.
Dito isso, tire uns minutos para entender a magnitude desta crise através de perguntas e respostas rápidas sobre os fatos por trás das notícias.
Quando a crise começou?
As manifestações contra o governo sírio iniciaram em março de 2011, durante a Primavera Árabe. Os protestos pacíficos logo se transformaram em uma violenta repressão do governo e os rebeldes começaram a lutar contra o regime.
Em julho daquele ano, desertores do exército criaram o Exército Livre da Síria com a ajuda de civis. As divisões entre os combatentes islâmicos e seculares, e entre grupos étnicos, complica a política do conflito.
O que está acontecendo com sírios capturados na guerra?
Mais de quatro anos após seu início, a guerra já matou mais de 220 mil pessoas, metade das quais se acredita serem civis. Bombardeios estão destruindo cidades populosas e, necessidades básicas, como alimentação e cuidados médicos, estão escassas.
A ONU estima que 7,6 milhões de pessoas estão deslocadas internamente. Considerando também os refugiados, mais da metade da população pré-guerra de 23 milhões necessita de assistência humanitária urgente.
Para onde eles estão fugindo?
A maioria dos refugiados sírios está vivendo na Jordânia e no Líbano. Os dois países, os menores da região, sofrem com uma infraestrutura precária e recursos limitados.
Em agosto de 2013, mais sírios fugiram para o norte do Iraque numa fronteira recém-aberta. Agora, estão presos no próprio conflito insurgente do país.
Um número crescente de refugiados tem se deslocado através do Mar Mediterrâneo, seguindo por Turquia e Grécia, na esperança de encontrar um futuro melhor na Europa.
Como eles estão fugindo?
Milhares de sírios fogem do seu país todos os dias. A decisão geralmente ocorre depois de verem seus bairros bombardeados ou membros da família mortos.
Os riscos da fuga podem ser tão altos quanto à estada: famílias caminham quilômetros durante a noite correndo o perigo de serem baleadas por atiradores ou sequestradas por soldados. Outros tentam a sorte em botes no Mar Mediterrâneo. Infelizmente, alguns acabam tendo o destino trágico do menino do início do post.
Quantos refugiados existem?
4 milhões de sírios registraram ou aguardam o registro no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Desde o início do conflito há um crescimento exponencial no número de refugiados. Em 2012, eram 100 mil. Em abril de 2013, 800 mil. O número dobrou para 1,6 milhão em menos de quatro meses. Existem hoje 4 milhões de sírios espalhados por toda a região, tornando-a maior população de refugiados do mundo sob mandato das Nações Unidas. Neste ritmo, a ONU prevê que podem haver 4,27 milhões de refugiados sírios até o final de 2015 – o pior êxodo desde o genocídio de Ruanda em 1994.
Existe assistência suficiente para chegar a todos?
De acordo com a ONU, 8,4 bilhões de dólares são necessários para que as necessidades de todos aqueles afetados pela crise sejam atendidas, tanto dentro como fora da Síria.
Muitas organizações humanitárias estão atuando em parceria com a ONU, usando as contribuições privadas e o financiamento da comunidade internacional para enfrentar ativamente as necessidades dos sírios capturados neste terrível desastre. Porém, muito mais precisa e deve ser feito.
E, por fim, como podemos ajudá-los?
Doe dinheiro, inicie uma campanha nas redes sociais, assine petições que peçam aos governos que abriguem refugiados e, se tiver condições, trabalhe como voluntário em organizações internacionais. Independente da nacionalidade, somos todos seres humanos com as mesmas necessidades. Ter empatia pelo próximo é um bom começo.