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O ano era 2015, eu trabalhava como assistente de marketing em uma faculdade no interior de Santa Catarina ganhando exatos R$ 1.632,00, quando decidi que não dava mais. Não só pela grana (ou pela falta dela), mas pelas ideias (ou pela falta delas) de quem comandava a bagaça, de modo que comecei a produzir conteúdos na internet (blog e LinkedIn) na esperança de que alguém descobrisse a minha existência e me contratasse para qualquer coisa que pagasse mais que R$ 1.632,00.

Se hoje não suporto os gurus do marketing digital, devo admitir que graças ao conselho de um deles em um vídeo no YouTube – o Erico Rocha da tal Fórmula de Lançamento –, adotei um hábito que o Matheus de 2024 agradece até hoje o Matheus de 2015 por ter ouvido o tal guru: construa uma lista qualificada de e-mails; o Erico na verdade pegou esse conselho do Jeff Walker, o criador da tal Fórmula de Lançamento, mas isso não vem ao caso; eu acho.

Eu até tentei implementar a ideia na tal faculdade, juro, mas o e-mail marketing por lá era operado de maneira completamente rudimentar e amadora: existia algo que nós chamávamos de mala direta, dezenas de arquivos do Word com milhares de endereços aleatórios de e-mail que copiávamos e colávamos de forma manual no campo “cópia oculta” no próprio servidor – reza a lenda que o máximo de endereços que podíamos colar para não cair no spam era 100 contatos. O pessoal que mandava lá nunca quis investir em uma ferramenta de e-mail marketing porque, segundo eles (fonte: vozes das suas próprias cabeças), o que trazia mais retorno era… (vocês estão prontos pra isso???)… panfletos e publicidade na traseira de ônibus (o tal do busdoor).

Pois bem, corta para 2024.

O meu projeto paralelo de produção de conteúdo na internet virou algo profissional em 2016 e meu trabalho integral a partir de 2017 – felizmente consegui vazar da tal faculdade.

E aí entramos no tal conselho do guru. Ele (o conselho, não o guru) segue valioso em 2024 porque, nesse ínterim (palavra chique da porra; chupa ChatGPT!), vi redes sociais nascerem e morrerem (alguém lembra do Clubhouse?), algoritmos mudarem (e mudarem de novo; e de novo), mas tem uma parada que segue imbatível quando o assunto é vender pela internet: o bom e velho e-mail.

Não construa a sua casa no terreno dos outros

Vamos ao óbvio porque, bem, o óbvio precisa ser dito: qualquer rede social que utilizamos é uma “plataforma alugada”, ou seja, não temos controle sobre a nossa audiência. Eu prefiro muito mais os meus pouco mais de 8 mil assinantes da newsletter Passageiro no Substack do que os quase 70 mil da newsletter Nômade Digital no LinkedIn.

Por que?

Se o Substack fecha as portas amanhã vai ser uma merda, mas pelo menos posso fazer o download da planilha com todos os contatos e migrar para outro serviço; se o LinkedIn acaba amanhã, morro com os quase 70 mil assinantes da newsletter + os quase 170 mil seguidores que tenho na rede; ou seja, no Substack tô no terreno dos outros, mas o capital é meu, usucapião (ChatGPT jamais faria essa analogia; chupa!); no LinkedIn além de estar no terreno dos outros não tenho direito a nada se eles resolvem me despejar.

Por isso, assim como ter seu próprio site, é importantíssimo para qualquer negócio criar uma lista de e-mails. E por criar, digo do zero mesmo! Nada de comprar listas de endereços em sites duvidosos! O negócio aqui é no braço e veremos nesse texto como fazer e manter isso de forma saudável!

O e-mail é o canal mais eficaz para vendas personalizadas

Vamos aos dados – coisa que o pessoal da tal faculdade odiava.

O CX Trends 2024, estudo realizado pelo Opinion Box em parceria com a Octadesk, entrevistou 2.060 consumidores online acima de 16 anos de todo o Brasil e de todas as classes sociais em novembro de 2023. Todas as pessoas entrevistadas realizaram pelo menos uma compra nos últimos 12 meses.

Um dado em especial me chamou a atenção:

  • 52% dos brasileiros respondentes dessa pesquisa indicam que preferem o e-mail como canal para receber ofertas.

https://www.europadigital.com.br/cx2024/

Construindo sua lista

Escolhida a ferramenta de e-mail marketing (hoje em dia utilizo o Flodesk para o e-mail marketing porque eles não têm essa política estúpida de aumentar o preço de acordo com o número de contatos; e o Substack para a newsletter porque é a última esperança de visibilidade para quem escreve), construir uma lista de e-mails é mais fácil do que se imagina. O problema é que isso demora – e sabemos que é natural do ser humano ser imediatista.

Minhas segmentações atuais no Flodesk.
Minhas segmentações atuais no Flodesk.

Digamos que você trabalhe com produção de conteúdo. Tem um blog ou escreve em plataformas alugadas como LinkedIn ou Medium (Medium morreu, mas vai que você ainda está lá). Você não terá trabalho em coletar os e-mails dos leitores. Basta utilizar uma call to action (também conhecida como “chamada para ação”) do tipo: “Quer receber meus textos por e-mail? Cadastre-se aqui!“. Vai por mim, se a pessoa gostar do seu texto, ela vai se cadastrar.

Outra estratégia que funciona muito bem, embora já esteja um pouco manjada, é oferecer um produto digital em troca do e-mail: um e-book, quem sabe. Essa tática pode dar muito certo desde que você entregue um conteúdo de qualidade.

Já vi e-book por aí cujo título era algo como “X livros que você devera ler“. Bom, você deveria escrever um artigo sobre isso, não um e-book.

Se você é uma pessoa mais “visual” do que “textual”, organizar um webinar é uma ótima opção: você entrega conteúdo em vídeo e, em troca, recebe o endereço de e-mail de quem assistir.

E-mail marketing como canal de vendas

Seja oferecendo meus cursos ou minhas mentorias, meu principal canal de vendas hoje é o e-mail marketing.

Uma vez por semana envio uma edição da newsletter no Substack para os meus leitores com uma crônica inédita, dicas de leitura e algum entretenimento e, de vez em quando, alguma oferta.

Por que “de vez em quando“?

Propaganda é um saco. Embora a pessoa tenha cedido o seu e-mail, propaganda é uma parada invasiva – e esse é o principal motivo de descadastramento de usuários em listas de e-mails.

Quer ofertar seu produto ou serviço do jeito certo em 2024? Ofereça conteúdo útil para a sua audiência e seus leitores se interessarão pelo seu trabalho – e isso serve para qualquer canal. Não force a barra na hora de vender!

Mantendo sua lista

Tão importante quanto criar a lista é mantê-la saudável. E por “manter”, não falo dos conteúdos: contatos inválidos, por exemplo, podem colocar seu domínio em listas de spam. Sem falar do custo financeiro desnecessário com os contatos inexistentes (caso você não utilize o Flodesk). Por isso é preciso ter um cuidado especial na gestão dos mailings, principalmente no aspecto da captação de endereços e na atenção à remoção de e-mails inválidos.

SafetyMails lançou recentemente a versão 2023 da sua Pesquisa de Qualidade das Bases de E-mails no Brasil. Voltando aos dados, há algo preocupante: 36,5%% dos e-mails que fazem partes das bases verificadas foram classificados como inválidos.

A qualidade das listas de email no Brasil

Para a empresa, especialista em verificação e validação de e-mails, “diante de números bastante preocupantes relacionados à qualidade das bases de e-mails, a higienização e organização das bases de e-mails se mostra mais necessária do que nunca. Trata-se de uma peça que deve ser considerada como engrenagem permanente da cadeia de e-mail marketing“.

E-mails ruins podem prejudicar o seu negócio, então, identificar e remover possíveis endereços inválidos na sua base é fundamental para manter a saúde da sua – o ideal é sempre pedir o e-mail pessoal; e-mails profissionais acabam tornando-se endereços inválidos quando a pessoa se demite ou é demitida.


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Escritor, educador e TEDx Speaker. Autor de "Nômade Digital", livro finalista do Prêmio Jabuti.
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