Imagine a seguinte situação: jovem do litoral catarinense quer mudar de vida e envia seu currículo quase que diariamente para empresas de grandes centros, mas não é bem sucedido. Ninguém lhe dá uma oportunidade. Ele se desespera.
Este era eu em meados de 2015.
Se você me segue em alguma rede social, já deve ter visto que nesta segunda-feira (12/12) foi divulgada a lista Top Voices: os brasileiros que se destacaram no LinkedIn em 2016 e meu nome aparece na terceira colocação. O que talvez você não saiba é o caminho que trilhei pra chegar lá.
Hoje vou te contar minha história com o LinkedIn. Talvez te inspire em alguma resolução de ano novo.
O começo
Eu estava cansado de enviar meu currículo e não receber feedbacks das empresas, mesmo que negativos — aliás, que prática feia, né? (Vejam este exemplo totalmente oposto do meu brother e conterrâneo Tiago Giusti da Portabilis).
Sentia que precisava ser visto. Cresci ouvindo que estar longe do eixo Rio-SP limita nossas possibilidades. Em muitos casos isso é verdade, porém, a internet derrubou as fronteiras. E eu sempre soube que ela seria o meio para que eu ganhasse voz.
Me formei no ano de 2011 em Relações Internacionais e logo em seguida fiz um MBA em Gestão de Negócios. Talvez você olhe meu currículo e não entenda a relação da minha formação com o trabalho que venho desenvolvendo dentro do marketing.
A verdade é que tudo está, de alguma forma, interligado. O curso de Relações Internacionais é provavelmente o mais interdisciplinar se comparado à outros bacharelados. Isso me abriu a cabeça. Além disso, diplomacia e marketing andam de mãos dadas.
No MBA fui apresentado ao mundo do empreendedorismo. Afinal, a faculdade nos prepara para sermos empregados. Até então meu sonho de vida era passar num concurso público e ter estabilidade. Nada contra quem faz isso, não me entenda mal. Conheço várias pessoas que optaram por essa vida e são extremamente felizes com o que fazem. Mas eu sentia que não era meu caso. Eu queria ir além.
Num daqueles momentos de reflexão em que nos perguntamos no que somos bons e como podemos ganhar dinheiro com isso, percebi que deveria investir meu tempo livre na escrita. Em 2013, após voltar de um mochilão para a Europa — aí você que não me conhece talvez leia e pense “ah, cara, filhinho de papai e mimimi”. Mano, fiquei mais de 1 ano juntando grana, andando de bicicleta na chuva e morando numa kitnet com 20m² —, comecei a escrever um romance, de forma despretenciosa. Como preciso pagar contas, o projeto foi ficando de lado por falta de tempo e energia — hoje encontra-se 95% concluído (alô, editoras!). Mas aquela vontade oculta de me tornar um escritor nunca desapareceu.
Nesse meio tempo criei um blog no WordPress, mas, pelos mesmos motivos citados acima, o abandonei aos poucos. Escrevia sobre temas variados. Relações internacionais, gestão de negócios, empreendedorismo, música, entretenimento, crônicas e por aí vai.
Naquela de enviar currículo, lembrei de atualizar meu perfil no LinkedIn. Vai quê, né? Eu havia criado uma conta há muito tempo atrás e nunca tinha dado muita bola para a rede. Era setembro de 2015 quando tive conhecimento de sua nova função, o Pulse. Foi aí que tive o estalo! O insight! O toco y me voy! Eu poderia usar o LinkedIn como uma vitrine! Escrever sobre assuntos que domino para ser visto. Na minha visão, era a melhor maneira para que os recrutadores percebessem que eu me diferenciava dos demais.
Meu primeiro texto no LinkedIn foi reaproveitado do blog. Em 12 de setembro de 2015 publiquei “O que é uma Startup? (E o que não é?)“. Um artigo didático, nada demais. Continuei escrevendo de forma modesta, com a intenção de criar uma espécie de portfólio, até que mais uma virada de ano se aproximou. E aí eu decidi: em 2016 quero escrever, no mínimo, quatro artigos por mês.
Ainda em janeiro meus textos me fariam colher os primeiros frutos. Fui convidado para fazer parte do Projeto CR.U.SH. O primeiro resultado tangível da minha estratégia. Isso me deu uma motivação extra.
Em março, um texto publicado no mês anterior pelo meu parceiro Murillo Leal, também um Top Voice, apareceu em minha timeline. “Ter emprego para pagar contas não faz sentido“. O título me chamou a atenção por eu comungar do mesmo pensamento. O texto é sensacional. Mas o que mexeu verdadeiramente comigo foi o alcance orgânico que aquela publicação havia atingido. Logo meus quatro artigos mensais virariam doze.
O ponto de virada
A partir das publicações do Murillo, percebi que textos mais pessoais geravam mais engajamento. Comecei a compartilhar experiências dando dicas que chamam por aí de life hacks. Naquela altura do campeonato eu tinha dois trabalhos e escrevia três artigos semanais. Obviamente que isso não daria certo. Eu estava esgotado fisicamente e mentalmente. No feriado do Dia do Trabalho decidi dar um tempo na escrita.
No dia seguinte, ao ver uma notícia sobre a volta da banda Radiohead, tive um insight para um texto. A vontade de escrever superou o cansaço e venceu o Matheus do dia anterior. “Kotler? Aprenda marketing com o Radiohead” está longe de ser meu melhor texto — tanto na qualidade, quanto em números —, mas foi o responsável por eu ser descoberto (lembra aquele lance de ser visto?) pelo Rodrigo Brancatelli, um dos dedos humanos em meio aos algoritmos do LinkedIn que selecionam os textos que são destacados nos diversos canais do Pulse.
Na mesma semana, “Por que algumas empresas perdem seus melhores colaboradores — e outras não” se tornou viral. Hoje, o texto tem mais de 1 milhão de visualizações.
Com a visibilidade, surgiram oportunidades. Portas se abriram, convites apareceram. Freelas, consultorias, venda de cursos como afiliado. Eu finalmente fui visto. O mesmo cara do litoral catarinense que queria mudar de vida — e mudou.
Numa conversa num grupo no Slack sobre Marketing e Tecnologia do qual participo, o Raphael Farinazzo, Product Manager da Resultados Digitais, definiu bem o que venho fazendo no LinkedIn: inbound marketing para si mesmo. Hoje se fala muito em marketing pessoal, mas fui além com uma estratégia de inbound marketing pessoal. E tem dado certo.
Top Voice
Foram exatos 100 artigos até que eu me tornasse um Top Voice do LinkedIn. Várias e várias horas escrevendo, recompensadas pelos feedbacks de pessoas comuns, como eu e você, que dizem que, de alguma forma, as ajudei a tomar uma decisão importante ou mesmo mudar de vida. Isso não tem preço.
Sempre que vejo uma entrevista de alguém bem sucedido em algo, se fala em trabalho duro, força de vontade, perseverança, foco. Clichês do cotidiano que estamos cansados de saber, mas que nada mais são do que a realidade. Nua e crua.
Não existe vitória sem suor.
Não existe almoço grátis, alguém já disso isso.
O que eu nunca poderia imaginar, nem nos meus melhores sonhos, é que encerraria o ano fazendo parte de uma lista dos 15 maiores influenciadores do LinkedIn em 2016. Nem que veria meu nome na EXAME, na Época NEGÓCIOS ou na Pequenas Empresas, Grandes Negócios.
Com o inbound marketing pessoal e como um growth hacker, “hackiei“ o meio no qual estou inserido e fui, finalmente, visto.
Gratidão
Mais do que honrado, sinto um enorme sentimento de gratidão.
Gratidão aos meus leitores que levaram minhas palavras adiante.
Gratidão ao LinkedIn e as pessoas que fazem parte dele.
Gratidão aos colegas de trabalho.
Gratidão aos parceiros de caminhada e de criação de conteúdo.
Gratidão aos amigos de longa data e aos novos.
Gratidão aos meus pais pela educação que me proporcionaram.
Gratidão à minha esposa — o ditado diz que “atrás de um grande homem existe uma grande mulher“, peço licença poética para trocar “atrás” por “ao lado”.
2016 foi foda.
Nos vemos em 2017.