Startup é um dos vários termos em inglês que estão na moda no mundo dos negócios. O problema é que as pessoas tem dificuldade em definir o que de fato é uma startup. Quando uma ideia se torna uma startup? Quando uma startup deixa de ser uma startup?
O Google é uma startup? A resposta é não. E o Facebook? Não. Empresas de tecnologia? Talvez sim, talvez não.
De acordo com Steve Blank, um dos pais do Lean Startup (que pretendo escrever a respeito em outra oportunidade), “uma startup é uma organização temporária desenhada para encontrar um modelo de negócio replicável e escalável”.
A definição de Blank é concisa, mas tem um significado profundo. Se destrincharmos a frase, temos os seguintes conceitos:
● “organização temporária”: Uma empresa só é considerada startup por determinado tempo. Após este período, ou se torna um fracasso ou um negócio sustentável — de qualquer maneira, todas as startups eventualmente morrem.
● “desenhada para encontrar um modelo de negócio”: Uma startup não começa com um modelo de negócio. Por que? Porque startups geralmente oferecem produtos e serviços inovadores ou investem em mercados inexplorados (leia sobre a Estratégia do Oceano Azul). Dessa forma, um modelo de negócio é algo que uma startup busca ativamente.
● “modelo de negócio replicável e escalável”: Nem todo tipo de nova empresa é uma startup. Você deve ter um elevado potencial de crescimento e seu modelo de negócio deve ser facilmente escalável e replicável de modo que a oportunidade não se limite a uma única localização geográfica, mas seja algo que possa capturar apreço generalizado (setores, mercados verticais, etc).
Há outras definições para o termo startup. Eric Ries (que teve Steve Blank como mentor), em seu best seller “Startup Enxuta”, diz que “startup é uma instituição humana concebida para criar um novo produto ou serviço em condições de extrema incerteza”.
Neste caso, a definição é um pouco mais ampla, uma vez que não se refere ao tipo de modelo de negócio, mas se concentra no fato de estar em um ambiente de elevada incerteza, devido à natureza inovadora dos produtos e serviços em questão. Esta definição abrange não só as startups, podendo até mesmo incluir novos produtos ou serviços que são lançados a partir de uma empresa ou instituição já estabelecida.
Se misturássemos os conceitos de Blank e Ries, poderíamos chegar na definição de que uma startup é uma organização temporária em busca de um modelo de negócio que é escalável e replicável em condições de extrema incerteza.
Após chegar nessa conclusão, podemos voltar às questões iniciais do post.
● O Google é uma startup? Não, o Google é uma empresa com um modelo de negócio sustentável (e rentável). Eles eram uma startup há vários anos atrás, quando lançaram seu motor de busca e passaram um tempo buscando um modelo de negócios escalável e replicável. Alguns spinoffs que saíram do Google estão operando como uma startup e podemos considerá-los “startups internas”, mas isso é outro assunto.
● O Facebook é uma startup? Não. O Facebook também é uma empresa com um modelo de negócio sustentável, embora não tão rentável quanto o exemplo anterior. Porém, diferente do Google, não há uma estratégia focada no desenvolvimento de um portfólio de produtos para complementar o ecossistema de serviços oferecidos aos seus usuários.
● A minha empresa de tecnologia é uma startup? Talvez sim, talvez não. O fato de que sua empresa tem uma base tecnológica não significa que ela é uma startup. Se sua empresa tem um produto ou serviço que é facilmente escalável, provavelmente é. Se você já atingiu o seu ponto de equilíbrio de uma forma sustentável, a sua empresa terá deixado de ser uma startup. O que, por sinal, é uma notícia muito boa.
Conclusão: startup não é uma versão pequena de uma grande empresa. Startups exigem técnicas de gestão que são muito diferentes do que as empresas estabelecidas e sustentáveis utilizam. O foco deve estar mais concentrado na busca de modelos de negócio e menos na execução de planos de negócios pré-concebidos.