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Jogue no Google a frase “o que eu aprendi” e você verá que os produtores de conteúdo têm aprendido as mais variadas coisas com as mais variadas situações. São lições aprendidas com alguma série, com o fim de algum relacionamento, com uma demissão ou até mesmo com um casal de idosos que decidiu viajar o mundo de moto – sim, também tenho minha parcela de lições aprendidas com coisas aleatórias.

Nós produtores de conteúdo fazemos isso – e me incluo aqui – porque conseguimos bons resultados com esse tipo de texto fazendo algo teoricamente simples: analogias, muitas vezes vazias, com elementos da cultura pop que são familiares ao leitor.

Escrever o que você aprendeu com a trend ou o meme do momento ou sobre as X lições que fulano(a) – que está em evidência – te ensinou sobre determinado assunto é garantia de curtidas e engajamento.

Mas até que ponto ser refém dessa fórmula batida de produção de conteúdo é saudável? Onde entra a relevância no que você produz? Você quer, de fato, educar seu público ou está apenas atrás de curtidas? Cadê a sua criatividade? Você é um produtor de conteúdo ou um replicador de memes?

As respostas para as perguntas acima são bastante pessoais. Cada um sabe dos seus corres. Neste artigo dou a minha visão de como enchi o saco desses templates que invadiram o mundo do marketing de conteúdo nos últimos anos. Não é, de maneira alguma, uma verdade absoluta. É apenas um relato sincero do que aprendi nos últimos dez anos escrevendo na web (o matheusdesouza.com está no ar desde 2013, me respeita haha).

Você não precisa tirar uma lição de tudo

Depois que você é “picado” pelo vício de escrever textos sobre o que você aprendeu fazendo tal coisa é difícil assistir uma série sem pensar em produzir um conteúdo com as lições que você – supostamente – aprendeu com ela.

Este ano assisti duas ótimas séries relacionadas ao universo profissional: Trabalho (Netflix) e Ruptura (Apple TV+). Ambas, de fato, trazem ótimos ensinamentos. Mas será que eu realmente preciso escrever um artigo com as lições que aprendi com elas ou posso simplesmente me limitar a fazer o que fiz neste artigo e dizer que são duas ótimas séries?

Esse “vício do aprendizado constante”, além de tudo, atrapalha o lazer.

Como produtor de conteúdo que bebe nas mais variadas fontes, por um tempo acabei perdendo o simples prazer de sentar no sofá e assistir uma série por puro entretenimento – eu costumava ficar com o celular ao lado esperando algum insight infalível para encaixar em um texto.

Ou seja, é como se eu estivesse trabalhando no meu tempo livre. Isso é insano. Não precisamos tirar uma lição de cada momento das nossas vidas; podemos apenas nos divertir, viver um pouco, se distrair.

Você não precisa ter uma opinião sobre tudo

A principal lição que aprendi escrevendo textos sobre o que aprendi tem a ver com relevância. Se você entrou em qualquer rede social de 2019 para cá certamente leu ou assistiu algo sobre o caso Bettina/Empiricus.

Li algumas análises legais na época sobre toda a treta, outras nem tanto, vi muita gente surfando na onda para ganhar curtidas, mas a real mesmo é que muitos produtores de conteúdo se esforçaram criando textos e vídeos que foram esquecidos na próxima semana – ou alguém lembra de uma análise sobre o caso Bettina/Empiricus que mudou a sua vida?

A verdade nua e crua dessa situação toda é: foda-se. Continuo não me importando de onde veio o dinheiro da Bettina, não me importo em pular uma propaganda no YouTube se eu não gostar do conteúdo e sigo não me importando com as trends.

Meu ponto é que todos esses conteúdos criados sobre o caso Bettina/Empiricus são datados, ou seja, são conteúdos natimortos, daqueles que ninguém se importará mais no médio e longo prazo. Não faz mais sentido falar nisso. Não tem relevância. Assim como ninguém mais se importa com a Luíza que está no Canadá – será que ela já voltou?

Você não precisa ter uma opinião sobre cada nova polêmica da internet apenas para surfar uma onda e ganhar curtidas – e a história da Luisa Sonsa e do Chico Moedas, hein?

Foque a sua produção em temas que seguirão relevantes nos próximos anos.

Tenho artigos escritos entre 2015 e 2016 sobre temas genéricos que seguem me trazendo resultados. Por outro lado, já gastei um tempão escrevendo sobre o pedido de demissão do Evaristo Costa enquanto fazia uma analogia com a transferência do Neymar pro PSG (pra ganhar a sua curtida e gerar discussão) e esse conteúdo se perdeu no buraco negro da internet – tipo, alguém sequer LEMBRA DISSO?

Entendeu onde quero chegar?

O que você realmente precisa

o que eu aprendi escrevendo

Se você quer uma analogia,

te darei uma.

Pense que o seu conteúdo é uma mensagem em uma garrafa – como na música do The Police.

Você o criou com carinho, enrolou o papel cuidadosamente, colocou em uma garrafa e a jogou no mar.

Anos depois a garrafa é encontrada na praia. A pessoa que a encontrou desenrola o papel e começa a ler aquele seu conteúdo escrito lá atrás. É sobre uma tal de Bettina que tem 1 milhão de reais em patrimônio.

A pessoa não entende nada, não vê a menor relevância naquilo, rasga o papel, recolhe o lixo e vai embora.

Se você quer uma moral para essa história,

te darei uma.

Pense bem naquilo que você vai jogar no oceano da internet; ou correrá o risco de ninguém nunca mais abrir a sua garrafa.

PS: Estou feliz que consegui chegar ao final deste texto sem citar a turnê da Taylor Swift pelo Brasil, digo…

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Escritor, educador e TEDx Speaker. Autor de "Nômade Digital", livro finalista do Prêmio Jabuti.
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