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Trabalho de forma remota desde o início de 2017. Isso me dá liberdade geográfica para desempenhar minhas atividades de qualquer lugar do mundo – literalmente. Seja aqui na Inglaterra, onde escrevo essas linhas; na Macedônia do Norte, onde vivi antes de desembarcar em Londres; ou na África do Sul, onde morei à beira-mar por 3 meses.

Chamam isso de nomadismo digital. Uma espécie de home office 2.0; onde você deixa sua “home” pra trás e a transforma no mundo.

Há algumas semanas perguntei a quem me acompanha no Instagram quais são as suas principais dúvidas sobre o tema. A publicação gerou uma grande curiosidade e resolvi, então, reunir as perguntas mais frequentes neste texto.

Nomadismo digital é pra você?

Antes de entrar nas perguntas mais frequentes, reflita sobre isso.

Muita gente sonha em viajar o mundo enquanto trabalha de forma remota. Mas, na prática, isso não funciona pra todo mundo. A grande verdade é que, apesar de parecer um modelo de trabalho perfeito, o nomadismo digital não é só alegrias. Nem todo mundo consegue lidar com os contras – embora os prós, na minha opinião, compensem demais.

Um nômade digital precisa ser extremamente organizado, afinal, toda a responsabilidade pela entrega das demandas é sua. Você também terá que lidar, muitas vezes, com a solidão. Tem dias que trabalhará durante 6 horas; em outros 12; em outros não trabalhará.

E a família, como fica? Se você tem filhos, talvez não seja uma boa ser um nômade. Como fica a educação dos pequenos? Embora existam nômades que viajam com seus filhos, esse é o tipo de coisa que você terá que colocar na balança.

Vale a pena? Da minha parte, vale muito. E da sua?

Por onde começar?

Essa é, talvez, a pergunta mais frequente – e também a mais óbvia.

Quando falamos em nomadismo digital temos que ter em mente que cada caso é um caso. O que serve para mim, talvez não sirva para você. Não adianta tentar seguir meus passos de forma literal, já que cada um tem suas experiências, seu modo de ver o mundo e, principalmente, suas escolhas.

Eu dividiria esse começo em 3 fases:

Decisão, planejamento e prática.

1 – Decisão

Eu decidi que queria me tornar um nômade digital dois anos antes de me tornar, de fato, um. Esse é o primeiro passo. E por decisão, não falo de sonhar com isso: é bater o pé!

A partir do momento que você decide que é isso que quer para sua vida, seu foco deve estar voltado para esse objetivo. Pesquise muito sobre sua área e pense em como você pode desempenhar seu trabalho de forma remota. Pense em maneiras que você pode ganhar dinheiro fazendo o que faz – ou algo derivado do que faz – sem precisar estar presente no escritório.

No meu caso, que iniciei minha jornada nômade como redator freelancer focado em marketing de conteúdo – hoje não faço mais isso –, o processo foi bem simples: escrever é algo que pode ser feito de forma remota, então não havia a necessidade de ficar trancado em cubículo por 8 horas a fio. Ou seja, bastava oferecer meus serviços online.

Essa é a hora de você utilizar aquele clichê e pensar fora da caixa. Enxergue além do óbvio. Será o tipo de resposta que você não encontrará perguntando para o Matheus ou para outro(a) nômade digital. Eu demorei cerca de 2 anos para encontrar essas respostas — mas as encontrei.

2 – Planejamento

Se você já encontrou as tais respostas, agora é hora de juntar todas essas referências e criar seu próprio caminho.

Como você vai ganhar dinheiro? Como vai conseguir clientes? Quanto precisa para se manter no país desejado pelo tempo desejado? Que ferramentas você precisa pra realizar o seu trabalho?

É hora de responder novas perguntas.

Também sempre me perguntam pelo dinheiro. E essa é uma parte fundamental no planejamento. Bom, no meu caso, guardei 6 meses do meu antigo salário como CLT para eventuais emergências. Isso é básico. Não acredite nesse negócio de “largar tudo e colocar a mochila nas costas“. Isso só funciona se você é rico ou filho de pais ricos que te sustentam. Do contrário, você precisa ser responsável e se planejar. E bem.

O nomadismo digital é, além de tudo, uma questão de escolhas.

Meu estilo vida hoje beira o minimalismo; sou bastante desapegado a bens materiais. Então, sempre consigo economizar e tenho poucos custos. O ponto aqui não é como ganhar dinheiro, mas sim com o quê não gastar dinheiro.

O ideal é que você calcule quanto precisa de dinheiro para se manter por 12 meses. A partir daí o negócio é cortar custos desnecessários e economizar.

3 – Prática

Com o planejamento pronto, chega a hora de tirar tudo isso do papel. Apenas com a prática você vai entender se isso é algo viável ou é melhor voltar para o escritório. Não apenas a parte das viagens, mas também dos serviços que você prestará. Os meus, por exemplo, mudaram nesses quase 5 anos na estrada. Algumas coisas percebi que não estavam funcionando, enquanto outras eu deveria dedicar mais tempo.

Sobre as viagens, comece localmente. Antes de ir para o exterior, fiz algumas pequenas viagens por Santa Catarina – meu estado natal. Fiz isso para validar esse modelo de nomadismo, ou seja, para entender se realmente funcionaria para mim. Funcionou.

Que tipo de trabalho eu posso fazer?

Sei lá! Aí é com você!

Brincadeira!

Mas, basicamente, eu diria que qualquer atividade que você possa desempenhar de forma remota. Algo que você não precise estar fisicamente no escritório e que possa entregar. A maioria dos nômades que conheço trabalham com marketing, design (nas suas mais variadas formas) e tecnologia. Mas isso não quer dizer que você não possa ser um.

O mundo mundo muito desde que me tornei um nômade digital e hoje diversas empresas oferecem vagas remotas – CLT ou não.

Para quem não quer esperar por um trabalho, a dica é criar um! Crie um produto ou serviço e faça que as pessoas o queiram. Veremos como conseguir os clientes no próximo item!

Como conseguir clientes sendo um nômade digital?

Eu utilizo uma estratégia de marketing pessoal e de conteúdo, tendo como principal ferramenta o LinkedIn – mas também utilizo Instagram, Telegram e minha newsletter no que chamo de “ecossistema digital”.

Basicamente, crio conteúdos que sejam úteis para as pessoas dentro das áreas que domino. Isso gera curiosidade sobre o meu trabalho, o que, consequentemente, faz com que os “curiosos” pensem em mim quando precisam de determinado serviço.

No meu curso online de Marketing Pessoal e Produção de Conteúdo no LinkedIn, ensino todas as estratégias que utilizo para ser visto e fechar negócios na maior rede profissional do mundo.

Como ter disciplina?

Nem todo mundo consegue trabalhar em casa. Ou em um coworking. Ou em um café.

O primeiro mês de nomadismo digital, pelo menos pra mim, foi bem tenso nesse sentido!

Mas, depois que criei uma rotina e vi o que faço como trabalho, virou um hábito. Nas pequenas viagens que fiz por Santa Catarina, após já ter essa experiência com o home office, levei minha rotina na mochila. Basicamente, tento acordar bem cedo e fazer todo o meu trabalho para conseguir aproveitar as cidades por onde passo.

Então, a dica é: tenha uma rotina. A minha melhorou muito depois que li o livro O Poder do Hábito.

E a internet?

Quando reservo um Airbnb, o principal item que olho nas resenhas são comentários sobre a internet do apartamento.

Em países como a Tailândia, acostumados a receberem nômades digitais do mundo todo, é comum encontrar nos anúncios print screens com a velocidade da internet.

E a parte fiscal? Como os nômades digitais declaram os seus impostos?

Se você trabalha por conta própria, o ideal é se tornar pessoa jurídica. Não sou contador e o ideal é que você procure um(a), mas, basicamente, os(as) nômades que conversei se enquadram nas categorias MEI ou Microempresa.

Para trabalhar como freelancer, você não precisa, necessariamente, ter um CNPJ. Você pode emitir notas fiscais como pessoa física e tudo mais. Porém, recomendo que você profissionalize o seu negócio.

Neste artigo, a Mari Salles, minha contadora, respondeu as perguntas mais frequentes sobre o tema.

E essas ferramentas pra arranjar freelas?

Olha, confesso que nunca utilizei essas ferramentas. No meu caso, foquei em criar minha própria audiência e a partir daí oferecer meus serviços — o tal do marketing de conteúdo.

Minha principal ferramenta de trabalho, como mencionei, é o próprio LinkedIn — entrego conteúdo de valor e as empresas chegam até mim; não o contrário. Além disso, também tenho meu próprio site e uma newsletter.

Porém, você pode tentar por conta e risco. A lista abaixo traz algumas das principais plataformas que listam e oferecem rotineiramente novas oportunidades de trabalhar pela internet:

E os vistos?

Isso entra naquela parte de planejamento.

Cara, se você escolheu essa vida, vai ter que aprender a se virar. E isso significa pesquisar muito! Cada país tem suas peculiaridades. O México, por exemplo, oferece um visto de entrada longo, então você pode passar um período maior de tempo por lá.

A questão dos vistos é que, como você não está indo para esses países para trabalhar numa empresa local, ou seja, você não está tirando o trabalho de um nativo, não há necessidade de visto de residência ou mesmo de trabalho.

Porém, por uma questão lingüística e, mesmo cultural, tome cuidado na hora de explicar para os agentes locais o que você irá fazer naquele país. Se você responder que está indo trabalhar, poderá ser interpretado de forma errada — veja bem, não estou dizendo para você burlar a lei ou então entrar de forma ilegal em algum país. Meu ponto é que problemas na comunicação podem barrar sua entrada. Mostre suas reservas, sua passagem de volta, seu visto (se for o caso) e tudo ficará bem.

Recentemente, alguns países lançaram vistos específicos para nômades digitais. Para brasileiros que ganham em real, eles não são tão atrativos, mas não custa dar uma olhada nessa lista.

Como se tornar um nômade digital: o guia

Em Nômade Digital: um guia para você viver e trabalhar como e onde quiser, livro finalista do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Economia Criativa, mostro o passo a passo para aqueles que estão pensando em abandonar de vez a vida de escritório e cair na estrada.

Nômade Digital: um guia para você viver e trabalhar como e onde quiser
Nômade Digital: um guia para você viver e trabalhar como e onde quiser

Desmistificando o estereótipo de “mochileiro itinerante”, revelo como se preparar para viver todos os lados desta jornada: o lado glamouroso das viagens e experiências exóticas e também o lado das dificuldades em lidar com orçamentos apertados, contratempos, trabalho remoto, além de surpresas nada agradáveis.

Além da minha história, apresento outros personagens que vão desde os “lobos solitários” até pessoas que viajam com seus animais de estimação.

O livro está está disponível nas versões física e digital. Garanta o seu exemplar aqui.

Tem mais alguma dúvida?

Quer saber mais sobre nomadismo digital? Fala aí sua dúvida nos comentários.

Escritor, educador e TEDx Speaker. Autor de "Nômade Digital", livro finalista do Prêmio Jabuti.
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